quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Maquiavel e Paulo Rangel.

É espantoso que um dirigente partidário com altas responsabilidades como Paulo Rangel ache que deve citar O Príncipe, de Maquiavel como demonstração para a tese de que não deve haver ética na política. Não só essa tese é totalmente absurda, como também a citação demonstra uma falta de sentido político absolutamente escandalosa. O meu Professor de Filosofia no Liceu ensinava que Maquiavel era o oposto de um maquiavélico, uma vez que o seu livro abria o jogo todo, enquanto que um maquiavélico aplicaria antes a sua doutrina em silêncio. Paulo Rangel pretende seguir Maquiavel, mas é tudo menos maquiavélico. Quando se pretende justificar o injustificável, citar O Príncipe não é seguramente uma boa política.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O artigo de Mário Soares sobre Manuela Ferreira Leite

Não consigo compreender o que leva um político da craveira de Mário Soares a assinar um artigo de opinião como este. O PS pode estar absolutamente desesperado com a perspectiva de perder as próximas eleições, mas as suas figuras históricas deveriam ser preservadas das liças eleitorais. Pelos vistos, ninguém aprendeu a lição das últimas presidenciais, onde foi penoso ver Mário Soares envolvido num combate, que se sabia não ter quaisquer condições de ganhar.
O Mário Soares de que me recordo é o da Fonte Luminosa, do Primeiro-Ministro nos anos difíceis de implantação do regime democrático, do vencedor da dramática campanha presidencial contra Freitas do Amaral, e do Presidente da República numa década de ouro. Não vejo como é que alguém com esse currículo pode descer ao ponto de se tornar comentador de entrevistas televisivas dos actuais líderes partidários. Ao contrário do que julga, este tipo de epítetos, vindos dele, só favorecem Manuela Ferreira Leite.

domingo, 16 de agosto de 2009

Outra vez as listas do PSD.

Não me parece que Pacheco Pereira tenha qualquer razão neste post. Quem quisesse seguir a frase de Sá Carneiro: "primeiro o País, e só depois o Partido", não apresentaria listas destas. Estas são as listas de quem pretende manter o Partido sob controlo, mas com isto está a correr um sério risco de perder o País.
O erro nestas listas é comprovado pela própria argumentação de Pacheco Pereira, que no fundo se resume a dizer para esquecermos quem está nas listas, que o importante é derrubar o Governo de Sócrates. Lembra o apelo de Álvaro Cunhal aos eleitores comunistas nas eleições presidenciais de 1986, para fecharem os olhos e votarem em Mário Soares contra Freitas do Amaral. O problema é que já não estamos em 1986 e hoje as pessoas não votam de olhos fechados. E o sentimento de rejeição a certos candidatos pode ter muito mais efeitos eleitorais que o objectivo de derrubar o Governo.
Se se duvida disto, olhe-se para o que foram as eleições europeias, e quanto contribuiu para o desastre eleitoral do PS a desastrada escolha da sua lista de candidatos ao Parlamento Europeu, em comparação com a excelente escolha realizada na altura por Manuela Ferreira Leite. Pena que os resultados obtidos nessa eleição apareçam agora desbaratados por erros políticos sem qualquer justificação.

sábado, 15 de agosto de 2009

De novo as listas no PSD.

Esta tímida reacção de Aguiar-Branco às graves declarações de Moita Flores mostra bem o estado de espírito que neste momento atinge o PSD e o grave erro que constituiu a elaboração das listas. Pode dizer-se que com estas listas o PSD deitou fora a credibilidade que tinha conquistado nas europeias, dando preciosos argumentos ao PS de Sócrates. Basta ver que ninguém ligou a Manuela Ferreira Leite, quando voltou a chamar a atenção para a situação do Eurojust, quando anteriormente as suas declarações teriam graves efeitos políticos.
Estou convencido que nenhum outro líder do PSD desde Sá Carneiro permitiria que fossse candidato a uma Câmara Municipal pelo partido alguém que declarasse não ir votar nele nas legislativas. Manuela Ferreira Leite não está, porém, em condições de tomar essa atitude, uma vez que permitiu que se candidatasse pelo PSD nas legislativas quem apoia a candidatura adversária na Câmara mais importante do país. Com isto, a Direcção do PSD faz com que o partido apareça aos eleitores sem qualquer coerência, com candidatos que se apresentam simultaneamente do outro lado da barricada. Era difícil fazer pior em tão pouco tempo.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O conflito na Ordem dos Advogados

Conforme se pode ver por esta comunicação, o conflito na Ordem dos Advogados continua num extremar de posições que não augura nada de bom. Agora, sabe-se que o Bastonário da Ordem dos Advogados instaura providências cautelares contra a convocação de uma Assembleia Geral por parte do Conselho Superior da mesma Ordem. Pelos vistos, o Bastonário Marinho Pinto, que tanto tem criticado os juízes, afinal precisa deles para dirimir os conflitos internos na Ordem, em lugar de os resolver pela palavra e pelo diálogo, como se esperaria de um Bastonário.
O que mais me impressiona nesta situação é o facto de estar em causa uma revisão do estatuto da Ordem, a todos os títulos urgente e necessária, e que a Assembleia Geral permitiria legitimar. Assim, corre-se o risco de nunca haver revisão do Estatuto ou de o mesmo se fazer em termos que a classe não aceitará. Até quando a Ordem dos Advogados vai continuar por este caminho, desbaratando o prestígio conquistado em 80 anos de História?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

As listas do PSD.

Ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa, não acho que as listas do PSD sejam uma enorme desilusão, porque não esperava outra coisa. Nem todos têm a capacidade política e a perspectiva de futuro para realizar a renovação nas listas de que o PSD precisa. O PSD até pode ganhar as eleições com estes candidatos mas, se o fizer, será muito mais por esgotamento do PS do que por mérito próprio. Mesmo que consiga formar Governo, com este grupo parlamentar na próxima legislatura, o PSD vai continuar a ser um partido adiado.

domingo, 2 de agosto de 2009

O convite do PS a Joana Amaral Dias.

Esta estória do convite do PS a Joana Amaral Dias demonstra claramente o desnorte que tem caracterizado este partido nos últimos tempos. Mas o que mais me revoltou foi ter assistido ontem na TVI 24 a uma entrevista do actual porta-voz do PS, em que ele dizia que Francisco Louçã é que devia pedir desculpas a José Sócrates, por ter dito que ele tinha feito o convite, quando afinal o mesmo foi feito pelo seu Secretário de Estado, Paulo Campos. Tendo ouvido isto, fiquei cheio de saudades do tempo em que Vitalino Canas era o porta-voz do PS. Pelo menos, nunca o vi prestar-se a declarações destas.