Mais uma vez se repete esta polémica com os exames de acesso à Ordem e com as habituações declarações incendiárias do Bastonário contra as Universidades, com as quais a Ordem deveria pelo contrário deveria procurar trabalhar em conjunto para resolver o problema criado pela Declaração de Bolonha.
O Bastonário erra clamorosamente quando fala do ensino do Direito e da declaração de Bolonha. As Faculdades de Direito nunca quiseram a Declaração de Bolonha que lhes foi imposta pelo Estado e que só tem vindo a causar problemas. Tomara às Faculdades de Direito que a licenciatura voltasse a ter cinco anos, em que haveria muito mais tempo lectivo e os alunos saíam melhor preparados.
Quanto ao exame que foi feito, pelos enunciados que vi, achei-o bastante mais difícil do que os realizados pelo Conselho Distrital de Lisboa, de que fui Vice-Presidente no tempo do Bastonário Rogério Alves. Como naquele tempo os alunos tinham cinco anos de formação e hoje têm quatro ou três anos, é natural que os resultados fiquem agora muito abaixo do que seria normal. A isto acresce que aparecem provas relativas a conteúdos académicos que muitos alunos nunca tiveram na licenciatura e que naturalmente não é no estágio que irão aprender. Tudo isto pode por isso funcionar como entrave ao acesso à profissão.
O que o Bastonário deveria fazer, em vez destes exames e das habituais declarações bombásticas subsequentes, era batalhar para que a Ordem volte a ter cinco anos de formação jurídica como condição de ingresso. Sendo a profissão de advogado tão importante como a de juiz, não se compreende que para entrar no CEJ se exija mestrado e que para a entrada na Ordem dos Advogados seja suficiente o primeiro ciclo de Bolonha.