segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O caso Mário Crespo.

Desejo sinceramente que isto não seja verdade. Efectivamente, custa-me a crer que no dia da discussão do Orçamento do Estado, membros do Governo dedicassem um almoço a procurar "resolver problemas" com jornalistas, o que demonstraria uma inversão de prioridades espantosa. Mas, em qualquer caso, começa a parecer-me sério demais que jornalistas ou comentadores que não se mostram simpáticos para o Governo sejam silenciados nos órgãos de comunicação social em que colaboram. A ERC, com a sua obsessão de cronometrar o espaço ocupado pelas diversas correntes políticas, nada tem a dizer sobre este assunto? Salvo erro, foi Mário Soares quem disse que a liberdade de imprensa é o sal da democracia.

3 comentários:

Anônimo disse...

O principio do contraditório já se faz sentir......
A auscultação das partes é meio caminho andando para a justa composição da opinião.

Hugo Silva Carulo

Luís Menezes Leitão disse...

A princípio tive dificuldade em acreditar na estória, de tão extraordinária que era. Deixou-me, porém, perplexo o facto de não ter sido imediatamente desmentida. Toda a gente sabe o que significa dizer aos jornalistas "não comento" ou "as coisas não se passaram bem assim".

O Legislador disse...

Parece-me perigoso que se permita a publicação de acusações tão graves baseadas naquilo que um amigo de um jornalista diz ter ouvido o Primeiro-Ministro dizer num espaço público.

Receio que a relação entre o Governo e Imprensa tenda a ser algo pendular na medida em que cada um tenta avançar pelo terreno do outro e recua na medida das pressões e posições políticas de cada um.

Por muito que possamos não gostar de Sócrates, há que reconhecer que a fundamentação de uma opinião com consequências tão graves como as que Mário Crespo pretende necessitará sempre de ser mais forte do que a de "um amigo meu ouviu dizer".
Dir-se-á que Mário Crespo é livre de exprimir a sua opinião, com base seja em que factos ou rumores for. Aceito, mas também reconheço que o Director do Jornal se possa imiscuir da publicação da mesma crónica e consequente (presumível) subscrição da opinião nele expressa, por manifesta dificuldade de sustentação de acusações que têm, sem dúvida e com particular incidência no momento político em que vivemos, um peso determinante na opinião do eleitorado.