Tem toda a razão a Comunidade Islâmica de Lisboa em se sentir magoada com as declarações do Cardeal-Patriarca. É absolutamente inaceitável que em pleno século XXI, num País laico como Portugal, um alto responsável da Igreja Católica se permita desaconselhar os casamentos inter-religiosos. Tal não ajuda nada ao diálogo ecuménico, que tem sido prática da Igreja Católica desde há longos anos. Faço votos de que o Cardeal-Patriarca ainda venha corrigir estas suas infelizes declarações, que já tiveram repercussão internacional.
2 comentários:
Caro Professor
Permita-me discordar do tom de reprovação... o sociologo moises espirito santo teve uma argumentaçao bastante clara a meu ver acerca da validade das declaraçoes do sr cardeal patriarca, explicando que a posiçao da mulher no islao é em grande medida de submissao ou pelo menos de subjugação ao marido. sendo isto verdade, o sr cardeal apenas chama à atençao das cristas/catolicas/assim-assim para este facto e para os "sarilhos" que tal representaria para as mulheres mais incautas ao embarcarem nesse caminho mais leviana ou ingenuamente.... nao?
Caro anónimo,
Permita-me concordar com o professor Menezes Leitão.
A posição da mulher nos países islâmicos não é mera questão religiosa. É fundamentalmente uma questão cultural.
Mesmo actualmente, em Portugal, a posição da mulher não é de igualdade face ao homem.
Relembro que para a Igreja Católica o homem ainda é visto como o «chefe de família». E que nas missas e até nas cerimónias religiosas de casamentos se lê textos da Bíblia como este: «Vós, também, ó mulheres, sede submissas aos vossos maridos (...) assim, Sara que obedecia a Abraão, chamando-lhe seu senhor».
É natural que em sociedades em que mais importância se dá a textos como os do Corão e da Bíblia, mais pressão sofra a mulher para obedecer ao marido e ser submissa. Ma sisso não significa que a raiz do mal sejam os textos, ou a religião.
O problema é de cariz social. Nesses países falta moderação, faltam valores, falta respeito por direitos humanos fundamentais.
Sendo o problema de cariz social, não se estende de igual forma dessas para outras sociedades. Ou seja, as portuguesas que se casarem com muçulmanos em Portugal e aqui viverem não têm de respeitar coisas como a Sharia. Os homens que escolheram como maridos podem já ter vivido anos em Portugal e por isso ter interiorizado valores sociais mais humanitários e igualitários (o que não quer dizer que dentro dos países a que me referi não haja verdadeiramente esses valores). Logo, essas mulheres não estão necessariamente em "sarilhos".
Ao passo que mulheres católicas, casadas com católicos podem estar em "sarilhos" bem piores. Não esquecer problemas como a violência doméstica. Algo que o Cardeal-Patriarca não referiu.
Por estes e outros motivos, as declaraões do Cardeal-Patriarca não são aceitáveis.
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