Talvez por não terem tido a adequada divulgação, têm passado despercebidas as sessões de campanha eleitoral que decorreram na Faculdade de Direito de Lisboa, e de que se faz eco aqui. É uma pena de que isto suceda, pois a tradição dos alunos da Faculdade sempre foi a de saberem muito bem o que queriam e colocarem questões de tal forma difíceis aos candidatos, que as sessões se tornavam num rigoroso exame, que os jornais chegavam a qualificar como "prova de fogo".
Recordo particularmente, do tempo em que era aluno, a campanha presidencial de 1985-1986, em que a Associação Académica convidou vários candidatos presidenciais para sessões de esclarecimento, as quais arrasaram várias candidaturas. Umas acabaram logo ali, perante a demonstração da absoluta inconsistência dos candidatos e até do seu desconhecimento da função presidencial. Outras continuaram, embora bastante fragilizadas, pois dificilmente os candidatos conseguiam responder às incisivas questões de que os estudantes se lembravam. Em consequência, os jornalistas divulgavam amplamente essas sessões na FDL.
Por este relato, é manifesto que nada disto se passa hoje em dia. Conclui-se assim que a tradição já não é o que era.
2 comentários:
Sr. Professor, concedo-lhe uma pista acerca da razão do alheamento dos alunos da fdl: compare a extensão e a exigência do seu programa e o tempo em que este deve ser dado e aplique o raciocínio às demais cadeiras. Infira daí o que melhor lhe aprouver.
Um seu (passado ou presente) aluno.
Agradeço a pista. Mas por acaso até acho que fazer o curso hoje é muito mais fácil do que era há uns anos. Quanto à extensão e exigência dos programas, digo apenas que a obtenção de um diploma de licenciado em Direito tem que representar algo em termos de conhecimento e trabalho. O que não custa nada não tem valor nenhum.
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