sexta-feira, 14 de maio de 2010

Na morte de José Luís Saldanha Sanches.

Conheci José Luís Saldanha Sanches no meu segundo ano de Direito na Faculdade de Direito de Lisboa, onde ele era assistente. Na altura, ele era considerado uma lenda entre os estudantes pelo seu combate contra a ditadura e pela sua resistência na prisão, de que só foi libertado com o 25 de Abril. Mas ao mesmo tempo demonstrava uma extraordinária capacidade intelectual, que tornava muito estimulante o debate com os alunos.
Posteriomente viemos a ser colegas no Centro de Estudos Fiscais da Direcção-Geral dos Impostos, partilhando a mesma paixão pelo Direito Fiscal, ainda que sob perspectivas diferentes. Tivemos muito debates em torno das leis fiscais e foi sempre um prazer trabalhar com Saldanha Sanches.
Saldanha Sanches tinha ainda uma característica que sempre apreciei, que era a de dizer o que pensava, independentemente dos custos pessoais que isso lhe acarretasse. Era por esse motivo inúmeras vezes chamado a realizar intervenções públicas, que se caracterizavam pela frontalidade e pela denúncia dos males que afligem este país.
Despeço-me hoje com admiração de um colega que partiu. Presto homenagem à obra que deixou no campo do Direito Fiscal, e que continuará a ser de grande valia para os cultores desta disciplina.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo inteiramente com o que disse Professor e fico feliz pela boa homenagem que prestou ao Professor Saldanha Sanches com estas palavras.
Apenas tenho pena que a FDL não tenho decidido fazer um dia de luto pelo Professor Saldanha Sanches como fez pelo Professor Albuquerque e pelo Professor Galvão Telles e não posso deixar de mostrar o meu desagrado por esta atitude discriminatória.

Luís Menezes Leitão disse...

Não posso estar mais de acordo com o seu comentário. Quando publiquei o meu post, não tinha conhecimento dessa decisão da Faculdade, que acho a todos os títulos lamentável. Não há memória de a Faculdade ter deixado de decretar um dia de luto na altura em que morre um dos seus Professores. Quando fui Presidente do Conselho Directivo da FDL e tomei conhecimento do falecimento do saudoso Professor Marques dos Santos, mandei encerrar a Faculdade nesse mesmo dia.