Tem sido considerada entre nós (ver aqui e aqui) como uma manobra desesperada da candidatura de John McCain a proposta do adiamento do primeiro debate presidencial, face à crise económica que os Estados Unidos estão a atravessar.
Acho a análise precipitada, semelhante às primeiras observações sobre a desvantagem da escolha de Sarah Palin, que hoje toda a gente reconhece que veio a trazer um contributo muito positivo a uma campanha que todos davam por perdida. John McCain já demonstrou ser exímio a tirar coelhos da cartola, e a superar adversidades eleitorais evidentes.
Pense-se um pouco: o debate que está agendado para sexta-feira é sobre política externa. Ora, no momento em que os cidadãos americanos estão a assistir ao descalabro da sua economia, que sentido fará a realização de um debate com um tema completamente estranho às preocupações do eleitorado? Se alguma coisa poderá produzir é o aumento da abstenção.
Por outro lado, tanto McCain como Obama são senadores norte-americanos. Ora, num momento em que a Administração Bush propõe ao Congresso a compra dos créditos incobráveis ("activos tóxicos") das instituições financeiras, levando a que seja o contribuinte americano a pagar a factura da aventura irresponsável do crédito "sub prime", não será de estranhar que os candidatos presidenciais se isolem do tema, e apareçam na televisão a discutir o Iraque, o Irão, Israel ou a Coreia do Norte?
Acho de facto que a proposta de McCain é capaz de lhe trazer alguma vantagem eleitoral. Vamos a ver o que sucede.
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