Prossegue a saga da ingovernabilidade da Bélgica. Agora, depois de o líder do partido vencedor, Yves Leterme, flamengo, ter desistido de formar governo ao fim de seis meses de tentativas inúteis de formar uma coligação, o Rei Alberto II solicitou ao primeiro-ministro derrotado nas últimas eleições, Guy Verhofstadt, que encontrasse uma solução para a crise política. O resultado da eleição acaba assim por ser ultrapassado, mostrando a existência de sérios problemas num país que esteve desde o início no centro da construção europeia.
Esta situação justifica uma reflexão mais profunda sobre se é possível manter a arquitectura tradicional dos Estados-Membros da União Europeia no quadro da integração comunitária. Se em relação a países como Portugal não se vislumbram problemas, há vários países europeus que possuem comunidades nacionais próprias, que não se revêem facilmente no Estado a que pertencem. Ora, até agora a dissolução dos Estados europeus tem ocorrido à margem da União Europeia, previamente à integração de novos Estados na mesma. Assim sucedeu com a Checoslováquia e com a Jugoslávia, e ameaça voltar a ocorrer com a separação do Kosovo em relação à Sérvia. Mas estará a Europa preparada para assistir à dissolução de um dos seus Estados-Membros, mediante a separação entre a Flandres e a Valónia, com o invitável conflito em relação a Bruxelas? E qual o precedente que isso criará em relação às aspirações de separação por parte de outras comunidades noutros Estados-Membros, como a Escócia em relação ao Reino Unido, ou a Catalunha e o País Basco em relação a Espanha?
Até agora, os comentadores têm tido um grande optimismo com o acordo alcançado em relação ao Tratado de Lisboa, considerando que este resolveu a arquitectura institucional da União Europeia para o futuro. Acho o optimismo excessivo perante os sinais que se avizinham. Que será da União Europeia se assistir no seu seio a um litígio entre dois países recém-formados em relação à cidade que adoptou como sede?
Esta situação justifica uma reflexão mais profunda sobre se é possível manter a arquitectura tradicional dos Estados-Membros da União Europeia no quadro da integração comunitária. Se em relação a países como Portugal não se vislumbram problemas, há vários países europeus que possuem comunidades nacionais próprias, que não se revêem facilmente no Estado a que pertencem. Ora, até agora a dissolução dos Estados europeus tem ocorrido à margem da União Europeia, previamente à integração de novos Estados na mesma. Assim sucedeu com a Checoslováquia e com a Jugoslávia, e ameaça voltar a ocorrer com a separação do Kosovo em relação à Sérvia. Mas estará a Europa preparada para assistir à dissolução de um dos seus Estados-Membros, mediante a separação entre a Flandres e a Valónia, com o invitável conflito em relação a Bruxelas? E qual o precedente que isso criará em relação às aspirações de separação por parte de outras comunidades noutros Estados-Membros, como a Escócia em relação ao Reino Unido, ou a Catalunha e o País Basco em relação a Espanha?
Até agora, os comentadores têm tido um grande optimismo com o acordo alcançado em relação ao Tratado de Lisboa, considerando que este resolveu a arquitectura institucional da União Europeia para o futuro. Acho o optimismo excessivo perante os sinais que se avizinham. Que será da União Europeia se assistir no seu seio a um litígio entre dois países recém-formados em relação à cidade que adoptou como sede?
Nenhum comentário:
Postar um comentário