A determinação em aplicar a nova lei do tabaco constituiu um acto de grande coragem do Director-Geral de Saúde, Francisco George, que eu não julgava ser possível neste país, onde a cultura cívica não abunda e se generalizou a ideia que cada um tem um direito natural e sagrado a poluir o meio ambiente, que prevalece sobre a pretensão de todos os outros a respirar ar puro. Basta visitar alguns restaurantes e centros comerciais, depois da nova lei, para ver os benefícios que para todos resultaram da proibição de fumar em espaços fechados.
Parece, no entanto, que essa determinação pode enfraquecer. Na verdade, depois do episódio, com repercussão internacional, de o Presidente da ASAE ter sido apanhado a fumar num casino e ter-se justificado com a interpretação de que aos casinos a lei não se aplicava, os casinos vieram sustentar essa posição, o que estranhamente foi aceite. De imediato, as discotecas vieram reclamar estatuto igual com o argumento de que "estão a ser discriminadas, já que as salas dos casinos são idênticas às suas". A seguir virão os bares, e depois os restaurantes com idêntica argumentação e a lei deixará de se aplicar.
De facto, assim é difícil fazer reformas neste país.
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