domingo, 15 de junho de 2008

O referendo irlandês.


Afinal os irlandeses acabaram por dizer não ao Tratado de Lisboa. É um exercício de liberdade democrática que não pode deixar de se saudar, perante a intransigência dos eurocratas, que não aceitam que o povo de um Estado-Membro rejeite um Tratado que institui uma Europa cada vez mais distante, e em que cada vez menos os cidadãos se revêem.

Isto mesmo é demonstrado pela forma arrogante com que logo a seguir os dirigentes europeus, com Durão Barroso à cabeça, pretenderam que o resultado do referendo fosse ignorado e que a Irlanda fosse empurrada para uma espécie de limbo, onde seriam colocados os Estados que não procedam à ratificação do Tratado.

Mas já começam a aparecer na Europa políticos que, embora timidamente, resistem a continuar nesta teimosia de afastar a Europa cada vez mais dos cidadãos europeus. Neste âmbito, a recente proposta do ministro alemão Wolfgang Schaeuble de instituir a eleição do novo cargo de Presidente do Conselho Europeu por sufrágio universal é um passo na direcção certa.

Precisamos que os dirigentes europeus tenham efectiva legitimidade eleitoral, se quisermos que os cidadãos se revejam na Europa.

Mas assuma-se de uma vez que a Europa só se constrói a 27, não sendo dispensável nenhum dos Estados-Membros, nem aceitáveis diferentes velocidades na construção europeia. Respeite-se por isso a decisão dos irlandeses, afinal o único povo a quem foi permitido, por imposição constitucional, dizer o que pensava do Tratado de Lisboa.

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