Esta notícia demonstra bem o descalabro para o sistema de justiça que foi a disparatada reforma da acção executiva. Efectivamente, antes dessa reforma, a acção executiva funcionava mal em duas comarcas: Lisboa e Porto. Depois dessa reforma, a acção executiva ficou paralisada em todo o país, multiplicando-se o número de pendências nas execuções. O resultado foi que o país se tornou um paraíso para os devedores, enquanto que os credores passaram a recorrer ao processo de insolvência para efectuar a cobrança dos seus créditos.
Perante isto, esperar-se-ia que houvesse inteligência para abandonar de vez essa reforma. No entanto, o que faz o Ministro? Reconhece que é "muito preocupante" a situação, mas que já pediu a uma "comissão muito qualificada" para apresentar propostas para resolver os problemas. Mais uma demonstração do tradicional "deixa andar" típico que tem sido praticado na área da justiça. Quando se quer resolver um problema, resolve-se. Quando não se quer, nomeia-se uma comissão para estudar o assunto, que depois se organizará em sub-comissões para examinar todas as suas vertentes, o que irá deixando arrastar a questão. Os credores, que confiaram na Justiça e que todos os dias sofrem com o arrastar dos processos, é que continuarão a ser sacrificados.