A composição do novo Governo PS demonstra a habilidade política de José Sócrates, que se livrou com facilidade do lastro que vinha do Governo anterior e consegue apresentar um Governo totalmente renovado. Apenas manteve o núcleo duro dos ministros do Governo anterior, tendo ido buscar novos valores, alguns deles com excelente currículo nas áreas que tutelam, como Isabel Alçada ou Maria Helena André. Já os ministros que eram contestados nas suas áreas, como Alberto Costa, Maria de Lurdes Rodrigues, Jaime Silva e Nunes Correia, foram todos substituídos.
O novo Governo PS minoritário será assim um governo de combate, como foi o primeiro Governo de Cavaco Silva. Com estes novos valores, tenderá a readquirir um estado de graça, e facilmente se vitimizará se começar a ser contestado na Assembleia. Este Governo procurará deixar uma boa impressão na opinião pública e, caso venha a ser contestado, não hesitará em pedir novas eleições, para tentar recuperar a maioria absoluta.
O PSD só pode responder a este novo Governo com uma efectiva renovação dos seus dirigentes. Se quiser continuar a apostar em velhos rostos, como fez nas últimas eleições legislativas, continuará a caminhar para o desastre. É por isso imprescindível que o PSD apresente uma nova liderança, a qual tem que ser escolhida livremente pelos seus militantes, em eleições directas. Não é com cimeiras de notáveis, nem com declarações de desprezo pelo combate político, e muito menos com uma obsessão burocrática pelos prazos dos mandatos, que o PSD vai arranjar um líder em condições de se bater com José Sócrates.
Espero por isso que o Conselho Nacional de hoje tenha o bom senso de dar a voz aos militantes. São eles que dão força ao partido.