segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
domingo, 30 de dezembro de 2012
A Portaria 426-C/2012, de 28 de Dezembro.
Se alguém tivesse dúvidas sobre a irrelevância total do Presidente da República no actual sistema constitucional, e que quem manda efectivamente no país é o Ministro das Finanças, essas dúvidas ficariam desfeitas com a simples leitura desta Portaria 426-C/2012, de 28 de Dezembro. Ainda antes de o Orçamento ser promulgado, já está o Ministro das Finanças a aprovar portarias para a sua execução, deixando em branco a lei habilitante e proclamando a sua entrada em vigor já em 1 de Janeiro, independentemente da data em que entre em vigor o Orçamento. O país assiste neste momento a uma nova ditadura das Finanças, sem que haja qualquer outro órgão de soberania que lhe sirva de contrapeso. Era difícil assistirmos a tão evidente descalabro do regime.
sábado, 29 de dezembro de 2012
A inconstitucionalidade do novo imposto em França.
É de aplaudir a decisão do Conselho Constitucional Francês em declarar inconstitucional o novo imposto criado para contribuintes que ganham mais de um milhão de euros e que já levou figuras como Gerard Depardieu a abandonar a França. É evidente que uma taxa de 75% é claramente confiscatória, o que torna esse imposto inconstitucional. O Presidente Hollande já prometeu, porém, voltar a apresentar o diploma, o que demonstra que nesta época de crise financeira vale tudo para obter receitas para o Estado, mesmo que se trate de medidas escandalosamente inconstitucionais. Não haverá maneira de os políticos, quer em França, quer aqui, respeitarem a Constituição com base na qual foram eleitos?
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
domingo, 23 de dezembro de 2012
O ataque da Comissão Europeia ao Tribunal Constitucional.
É evidente que as decisões contraditórias do Tribunal Constitucional desde que começou a crise financeira merecem severa crítica. O que se julgava no entanto ser impensável é ver a Comissão Europeia considerar o Tribunal Constitucional português como "fonte de risco e de incerteza orçamental". Já muitas vezes o Tribunal Constitucional Alemão pôs em risco medidas aprovadas no Conselho Europeu e nunca ninguém da Comissão Europeia se atreveu a dizer o que quer que fosse sobre as suas eventuais decisões. E se o tivessem feito não tenho dúvidas de que teriam uma resposta à altura. Mas em Portugal nestes tempos da troika tudo o que é absolutamente inadmissível passa a ser pacificamente aceite.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
O estado da justiça portuguesa.
Sobre o estado da justiça portuguesa, um dos mais acertados diagnósticos é este realizado por Miguel Reis no blogue A falência da justiça. Efectivamente, custa cada vez mais aos cultores do Direito assistir a sucessivas reformas do processo civil, que transformaram o Código num monumental absurdo, quebrando qualquer unidade com os outros países de língua portuguesa. Tive ocasião de fazer formação a advogados na Guiné-Bissau e foi com saudade que ensinei com base na versão original do Código, bastante melhor que após os sucessivos remendos que lhe foram fazendo. O actual regime dos recursos, com destaque para a extinção dos agravos, é dos maiores absurdos que alguma vez foram realizados neste país. E depois disto tudo, ainda virá aí mais uma reforma apressada, onde se até irão renumerar os artigos do Código. Quando é que acabará este martírio para quem tem que aplicar este Código nos tribunais?
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
"As vezes que for preciso"
São absolutamente inacreditáveis estas declarações da Ministra da Justiça que gosta tanto da sua lei sobre o enriquecimento ilícito que pede à sociedade civil para a defender e não se impressiona com as arguições de inconstitucionalidade. A Ministra promete por isso que a lei irá ao Tribunal Constitucional "as vezes que for preciso" até ser aprovada. Já tínhamos assistido ao desprezo com que o Governo tratou a declaração da inconstitucionalidade dos subsídios, mas vemos agora que esse desprezo é extensível a toda e qualquer declaração de inconstitucionalidade. Há muito que se tornou evidente que o Governo quer governar à margem da Constituição, ignorando as decisões do Tribunal Constitucional. O que não era de esperar é que fosse a Ministra da Justiça declará-lo ostensivamente. Num país que não fosse uma república das bananas, este tipo de declarações teria consequências sérias. Em Portugal já se sabe que vai continuar tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.
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