terça-feira, 6 de abril de 2010

A oferta de prendas a governantes.

A notícia há uns tempos publicada pelo Sol relativa a uma alegada oferta de prendas a membros do Governo tem uma importância muito relativa no quadro geral das sucessivas revelações, que têm vindo a minar a confiança dos portugueses no regime. Quando surgiu, por isso, nem me dei ao trabalho de a comentar.
O que me faz, no entanto, voltar a ela é esta extraordinária justificação vinda de um concorrente meu nas últimas eleições para a Ordem dos Advogados, Magalhães e Silva, contra a intenção do seu partido em colocar alguma disciplina na recepção desses presentes. Magalhães e Silva entende que não se justifica essa disciplina devido ao baixo valor dos presentes em causa. E dá como exemplo o seu próprio caso pessoal, a quem teria sido oferecido um jarrão da dinastia Qang (deve querer dizer Qing) no valor de €4000 por parte de um milionário de Macau, o qual foi aconselhado a não devolver, porque tal seria uma "ofensa pública" ao ofertante para quem a prenda "representa apenas estar a mostrar que é rico e que respeita as autoridades".
Devo dizer que não me parece que a oferta de prendas aos governantes seja uma forma de demonstrar respeito pelas autoridades. Quanto à exibição da riqueza, ela é um desejo legítimo, mas pode ser aproveitada para fins mais úteis, como, por exemplo, a solidariedade social para com os mais necessitados.
Já tive ocasião de visitar a China, incluindo Macau, e nessa altura aprendi algumas palavras em mandarim. Duas delas revelaram-se muito úteis: Bu Yao! Significa em português: "Não quero!". Aí está uma excelente expressão que pode ser igualmente usada por qualquer governante que receba prendas, seja o ofertante um sucateiro ou um milionário.

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