domingo, 16 de agosto de 2009

Outra vez as listas do PSD.

Não me parece que Pacheco Pereira tenha qualquer razão neste post. Quem quisesse seguir a frase de Sá Carneiro: "primeiro o País, e só depois o Partido", não apresentaria listas destas. Estas são as listas de quem pretende manter o Partido sob controlo, mas com isto está a correr um sério risco de perder o País.
O erro nestas listas é comprovado pela própria argumentação de Pacheco Pereira, que no fundo se resume a dizer para esquecermos quem está nas listas, que o importante é derrubar o Governo de Sócrates. Lembra o apelo de Álvaro Cunhal aos eleitores comunistas nas eleições presidenciais de 1986, para fecharem os olhos e votarem em Mário Soares contra Freitas do Amaral. O problema é que já não estamos em 1986 e hoje as pessoas não votam de olhos fechados. E o sentimento de rejeição a certos candidatos pode ter muito mais efeitos eleitorais que o objectivo de derrubar o Governo.
Se se duvida disto, olhe-se para o que foram as eleições europeias, e quanto contribuiu para o desastre eleitoral do PS a desastrada escolha da sua lista de candidatos ao Parlamento Europeu, em comparação com a excelente escolha realizada na altura por Manuela Ferreira Leite. Pena que os resultados obtidos nessa eleição apareçam agora desbaratados por erros políticos sem qualquer justificação.

2 comentários:

ernestino disse...

Falta-me a paciência, tal como suponho faltará ao ilustre Professor Meneses Leitão, para ler o Dr.Pacheco Pereira, especialmente quando escreve banalidades como as constantes no post comentado.
Sou de Santarém e gostava que os deputados conhecessem as realidades do meu distrito, o que, não é o caso de Pacheco Pereira.
Neste caso, claramente, o País não está primeiro.

JB disse...

1) Indo votar no PSD, não aceito a inclusão de candidatos acusados de crimes, por muito triviais que os mesmos possam ser.

2) Mas também não aceito que se diga que tal posição de recusa de candidatos arguidos ou acusados constitui qualquer posição moralmente superior.

3) O argumento ético entra em curto-circuito, porque depende de se entender que os arguidos ou acusados cometeram os ilícitos por que vão a julgamento. Pensá-lo é por isso violar um outro princípio ético: o da presunção de inocência. Com consequências graves: desde logo, a desvalorização, como mero erro judiciário ou incompetência do Ministério Público, uma eventual decisão de absolvição (quiçá, baseada em provas de inocência, por que não?).

4) Dito isto, há inúmeras razões pelas quais tais candidatos deveriam ter sido excluídos: desde logo, para protecção dos eleitores que têm o direito de não ter candidatos a braços com julgamentos, mas também por razões de imagem do partido, que não deve correr o risco de ser associado a uma eventual condenação.

5) Por isso, a conclusão que retiro é esta: a inclusão dos nomes em causa constitui um erro político, mas, de maneira nenhuma na minha perspectiva, mina a credibilidade moral de Manuela Ferreira Leite. Só assim aconteceria se se partisse da presunção de culpa relativamente às pessoas em causa.

Adenda:

Quanto ao resto, a exclusão de Passos Coelho ou a inclusão de antigos cavaquistas, não vejo particular nisso. Nem vi argumentos que me convencessem do contrário.