segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O dia seguinte.

O PSD acaba de averbar duas derrotas consecutivas, em eleições legislativas e autárquicas, quando tinha todas as condições para as ganhar. E isto acontece exclusivamente devido a erros estratégicos gravíssimos cometidos pela actual Direcção, uma vez que o condicionalismo económico e social era altamente desfavorável ao partido do Governo.
A derrota nestas eleições autárquicas é especialmente significativa. O PSD, embora coligado com toda a direita, não consegue ganhar a Câmara de Lisboa, quando é manifesta a insatisfação dos lisboetas com a gestão camarária do PS, incapaz de arranjar soluções para os problemas da cidade e totalmente alinhada com o Governo, como se viu no caso do terminal de contentores de Alcântara. O PSD perde 21 câmaras em relação a 2005, quando nessa data disputou as eleições autárquicas num quadro muito mais difícil, em pleno estado de graça de Sócrates e após o descalabro do Governo de Santana Lopes. E as maiores vitórias eleitorais que o PSD conseguiu obter ontem (como em Gaia e Santarém) pertencem a autarcas que se demarcaram claramente de Manuela Ferreira Leite.
Foi por isso perfeitamente surreal ver Manuela Ferreira Leite fazer à 1 hora da madrugada um discurso em que declarou a vitória do PSD, ao mesmo tempo que teorizava longamente sobre os méritos gerais dos autarcas. Isto depois de ter perdido apostas pessoais suas como Lisboa e Leiria. O país que ainda estava a pé assistiu estupefacto a esse discurso, que aliás as televisões acabaram por interromper a certa altura.
Como aqui já escrevi, Manuela Ferreira Leite deveria ter-se demitido logo na noite das eleições legislativas, mas nem sequer o fez depois de uma segunda derrota nas autárquicas. Apesar disso, não deixa de haver membros da sua Direcção e pseudo-comentadores, com Marcelo Rebelo de Sousa à cabeça, a defender que deve levar o seu mandato até ao fim. Com isto prolonga-se inaceitavelmente a "asfixia" em que o PSD vive, apenas para servir os "timings" de alguns candidatos à liderança. É altura de o PSD encontrar um novo rumo. E quanto mais cedo, melhor.

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