Entretanto, o jornal i pediu-me que contribuísse para o seu artigo sobre os cem dias do Governo escolhendo uma única palavra que sintetizasse a minha avaliação desses cem dias. É um exercício difícil resumir cem dias numa única palavra, mas acabei por escolher "descredibilização", o que a meu ver reflecte o actual sentimento sobre o Governo. Na verdade, o anterior Governo tomou posse com um proclamado défice de 6,83%, tendo-se proposto realizar o saneamento das contas públicas com um Ministro das Finanças que transmitia segurança aos portugueses. As coisas podiam ir mal noutras áreas, como na justiça e na comunicação social, mas tinha-se a sensação de que as finanças do país estavam sob controlo. Agora, cem dias depois da tomada de posse, o Governo apresenta um défice de 9,3% e as agências de rating sinalizam que não acreditam no orçamento português. Por outro lado, as anteriores políticas nas mais diversas áreas como a justiça, a educação, ou a economia são completamente revertidas, desperdiçando-se todo o trabalho dos anteriores titulares. Tem-se assim a sensação de um Governo à deriva, que só não se afunda porque a oposição prefere mantê-lo à tona de água.
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