Neste país há uma velha estratégia quando as coisas correm mal a quem toma uma iniciativa totalmente desastrada. É deitar as culpas a terceiros, especialmente aos que já passaram. O Citius, que funcionava impecavelmente antes desta desastrada reforma, afinal foi uma iniciativa criada por "curiosos" que nada percebiam de informática. Ou então foram os funcionários da justiça que há anos trabalham com este sistema sem problema que não souberam inserir lá os dados. Ou então foi porque esta reforma já devia ter sido feita há duzentos anos, altura em que os programas informáticos deveriam funcionar perfeitamente. Amanhã se calhar iremos ouvir que a culpa foi de D. Afonso Henriques que, ao declarar a independência nacional, impediu que estivéssemos sujeitos à organização judiciária espanhola, onde as coisas funcionam perfeitamente.
Se neste país as pessoas tivessem um pingo de vergonha, demitiam-se perante esta hecatombe que trouxeram ao nosso sistema de justiça. Mas como andam a pensar no assunto há vinte anos, acham que a hecatombe que causaram não passa de um simples percalço, que nunca impedirá a aplicação dos seus projectos. Quanto à culpa do desastre, obviamente que nunca é deles. São os curiosos, os funcionários judiciais, ou os nossos antepassados, os culpados. Assim vai Portugal neste ano da (des)graça de 2014.
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