Fico muito satisfeito com a notícia do regresso do Jornal Nacional de Manuela Moura Guedes, por cuja continuação temi seriamente, depois da saída de José Eduardo Moniz da TVI. Esse Jornal Nacional pode ter muitos defeitos, mas é uma demonstração de jornalismo aguerrido, que me parece fundamental na pasmaceira em que actualmente se tornaram os programas informativos.
Hoje em dia, assistimos a entrevistas em que os jornalistas não fazem uma única pergunta incómoda ao entrevistado ou, quando a fazem, quase que lhe pedem desculpa, dizendo serem obrigados a colocá-la. Organizam-se debates na televisão, que não passam de tempos de antena conjuntos, em que os jornalistas ficam colocados na posição de meros cronómetros dos políticos, apresentando temas previamente comunicados e limitando-se a pedir que respeitem as regras do debate. É um panorama triste, e mau para os próprios políticos, uma vez que destrói a verdadeira essência da política, enquanto combate por ideias e princípios, e onde o êxito depende da assunção de riscos.
Para confirmar esta opinião compare-se qualquer antigo debate entre Mário Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal ou Freitas do Amaral com o debate a que assistimos ontem entre José Sócrates e Paulo Portas. Antigamente os debates eram intensos, polémicos e vivos. Hoje os debates são formatados, previsíveis e sem espontaneidade. Não pode surgir nenhum tema novo e os participantes limitam-se a debitar o seu discurso ensaiado durante o tempo de que dispõem. Não admira que depois o resultado seja sempre o de que ninguém ganhou...
Continua a haver, no entanto, alguns jornalistas que se mantêm acutilantes e não se preocupam em cair nas boas graças de quem transitoriamente exerce o poder. Uma delas é Manuela Moura Guedes. Espero por isso ansiosamente pelo Jornal Nacional de amanhã da TVI.
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