Os resultados eleitorais demonstram dois claros vencedores (o CDS/PP e o PS) e dois claros derrotados (o PSD e a CDU). Quanto ao Bloco de Esquerda, embora tenha tido um grande crescimento, acabou por ter apenas uma semi-vitória, pois o seu resultado ficou muito aquém do que as sondagens previam.
Estes resultados só vieram confirmar o que sempre achei sobre a desastrada estratégia eleitoral do PSD. Perante "uma campanha alegre" conduzida pelo PS, que à última hora até Manuel Alegre foi buscar, o PSD preferiu responder com uma campanha triste, apresentando listas eleitorais que eram um óbvio regresso ao passado e não mobilizavam o eleitorado do partido. Naturalmente que com isso deixou fugir grande parte do voto jovem para o CDS/PP que fez uma campanha com muito mais entusiasmo, apostando em novos rostos. Isto para além das inúmeras "gaffes" surgidas durante a campanha, que qualquer gestão da comunicação minimamente profissional facilmente teria evitado.
Os resultados demonstram ainda o que sempre afirmei: que não é apenas com um discurso de verdade que se ganham eleições. É preciso em política entusiasmo, mobilização e até sonho. Não há nenhum partido que consiga ganhar eleições, dizendo que nada pode prometer, que nada vai dizer até ver o estado das contas, e que vai suspender ou rasgar tudo. E falar em "asfixia democrática" não é suficiente, perante pessoas que estão preocupadas é com o seu emprego, com as suas dívidas e com a sua reforma.
Pessoalmente, acho que Manuela Ferreira Leite se deveria ter demitido ontem, deixando a um dos seus vice-presidentes a tarefa de conduzir o partido durante as autárquicas. Tendo continuado em funções, arrisca-se a que o resultado das legislativas possa vir a ter sérias repercussões nas próprias autárquicas. Mas, mesmo que o PSD ganhe estrondosamente as autárquicas, o que aliás é previsível, espero que não haja a tentação de, no dia 11 de Outubro, a actual direcção vir dizer que em três eleições só perdeu uma, como me pareceu que já indiciava o discurso de ontem. Se seguir por esse caminho o PSD arrisca-se a breve prazo a transformar-se numa CDU, um partido com excelentes resultados a nível autárquico, mas totalmente irrelevante a nível nacional.
Espero sinceramente que o PSD altere o desastrado caminho que tem seguido nos últimos tempos e volte a ser um grande partido nacional. Para isso, precisa no entanto de novos rostos e de novas políticas.
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